segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Quem eu sou?


Em muitos momentos repensar a vida é o melhor a se fazer, faço isso com certa frequência e acredito que por esta razão não perco o foco de quem realmente eu sou. Vou postar uma das reflexões que faço diariamente, quem eu realmente sou?

 Acompanho um brasileiro nas redes sociais e a sua visão de mundo, acrescenta muito a minha. Ele suburbano, pobre e filho de pobre, após utilizar o seu empreendorismo ficou Milionário e a cada  ano  sua fortuna aumenta. Todo dia ele escreve um post motivacional, o de hoje finaliza assim: "Se eu me esqueço quem eu sou e de onde vim, imediatamente perco a autoridade de lhe dizer que você também é capaz de mudar a sua realidade de vida. Basta não sucumbir ao coitadismo." E observo que “sucumbir ao coitadismo” é uma defesa natural que os seres humanos tem. Culpar o outro, desde Adão e Eva, sempre foi a escolha ideal para tirar a culpa de si.

Trazendo para minha realidade de trabalho, sou Enfermeiro, percebo essa prática facilmente dentro do meu ambiente de trabalho. Dentro do hospital, a Enfermagem é sempre culpada, isso é uma pratica comum, e internalizada por alguns. O cuidado, em sua grande maioria, fica sobre responsabilidade da Enfermagem. Uma difícil tarefa executada dia após dia com afinco e dedicação. O cuidado é visto como algo natural e sem grande status, portanto quem troca uma fralda, já se considera um “Enfermeiro”. Está visão faz com que a assistência, em alguns momentos, se torne desgastante.  Já presenciei situações, que o paciente julgava o trabalho do profissional de Enfermagem menos importante e não seguir as orientações. Já fui diversas vezes ao paciente e com paciência e autoridade, convenci de que a orientação feita por mim ou por meu colega estava correta.

Todos os dias, nós seres humanos, precisamos matar um Leão nessa selva. É difícil pegar trem/Metrô/Ônibus lotado, ao final do mês olha o holerite e percebe que vai ter que vender alguém da família, difícil ter um ente querido doente ou viver em um ambiente perigoso. Mas culpar ao outro, ou até mesmo Deus, Não vai mudar a trajetória da minha vida.

Muita coisa dentro da Enfermagem deve mudar (Salário, carga Horaria, reconhecimento e muito mais). Na minha opinião, a “faxina” deve começar em casa, ou seja, dentro de cada profissional. Deixando a pratica do “coitadismo” de lado e acreditando na importância da sua atividade diária. Estudando mais, agregando valores e somando para as pessoas que o cercam.

 Quem eu sou?

Após analisar bastante sei que sou: Pai, Pobre, Enfemeiro, Brasileiro, Flamenguista, Heterossexual,  Barrigudo, Narigudo, Chato, Amigo, interessante, feliz e muito mais. Prazer, Saulo Ramos Ribeiro.


Agora, quem é você?

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A vida não para, não...


Os dois extremos da vida me chamam atenção! Os mais jovens pela ansiedade e vitalidade, os idosos pela experiência de vida e a forma como enxergam o mundo. 

Por trabalhar numa Unidade de Internação - adulto (andar), me deparo com um público variado, com maior incidência de idosos. As crianças me fascinam, mas deixo para os colegas com maior habilidade cuidarem delas quando estão doentes. Então este post abordará a incrível relação com os idosos.

“A campainha toca pela milésima vez em uma hora e você atarefado precisa ir ao quarto. Desta vez foi para cobrir os pés, mas há 10 minutos era para descobrir. E o acompanhante deitado no sofá, assistindo TV, navegando na internet e muito feliz por você desligar a campainha que o estava incomodando, pouca atenção dava para o seu avô. Você impaciente, pensa: ‘Mas já?’. ‘Tenho muitas coisas pra fazer e me incomodam por nada!’ Ao sair do quarto pensa: ‘Poderia ter feito Engenharia ou Informática ganharia mais e não passaria por isso’.” 

Esta história não é verídica, mas é baseada em fatos reais e quem trabalha na assistência já presenciou situações semelhantes diversas vezes. Ao entrar no quarto para realizar um cuidado, você percebe a facie entristecida do paciente, pergunta o que está acontecendo e a conversa está estabelecida. Ele te conta o quanto é ruim envelhecer: era ativo, trabalhava muito e agora nem o familiar tem paciência com ele, é um fardo estar “velho”. Isso te faz pensar, ou seja, te ensina da forma mais prática sobre as prioridades, agora você olha para o Paciente e enxerga finalmente um idoso, um ser humano com história assim como você.

Várias situações no meu cotidiano de trabalho aumentam o meu respeito pelos idosos. Vou dividir com vocês uma história de muitas que poderia contar. “Sr W. 86 anos, pele fragilizada por diversos procedimentos em 2 meses de internação, por causa de uma Pneumonia. Um mês de CTI e agora no Andar,com as pernas fracas  e preocupado como seria o seu cuidado na alta. Após o trabalho multiprofissional, estava saindo do leito há alguns dias, para sentar na poltrona e tomar banho no banheiro utilizando uma cadeira higiênica. Neste dia em questão ele foi até a porta do quarto com o fisioterapeuta, utilizando um andador, fui solicitado a encaminha-lo para realizar uma Radiografia de tórax PA e Perfil (em pé e de lado). Quando fui avisar sobre o exame e como seria, ficou bem ansioso. Após uma conversa minimizando os riscos, desci com ele para realizar o exame. O exame foi um sucesso! Retornando para o quarto, ao lado do elevador tem uma porta espelhada,  então o Seu W. se olhou no espelho e falou simulando um misto de surpresa e indignação “Estou descabelado, não!!!” Olhou mais um pouco e concluiu: “Estou ficando careca, quando foi que isso aconteceu”? Dei uma gargalhada. Tem que ter muita sabedoria, para ter senso de humor, envolto a diversos medos e tantas intercorrências que uma internação na terceira idade pode trazer, mas ele teve.

Realizamos o exame, apesar das dificuldades, pois havíamos estabelecido uma relação de respeito há semanas. O Binômio Enfermeiro/ Paciente é muito complexo, cercado de muitas emoções e aprendizado. Que as manias e as particularidades nossas e dos pacientes, não interfiram negativamente na nossa relação, mas positivamente.

Uma dica para os profissionais e pacientes: quanto mais humano você for, melhor retorno receberá.

Termino o décimo post com um trecho da música do Lenine, Paciência:

“...Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder ?
E quem quer saber ?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para

A vida não para, não...”

sábado, 21 de setembro de 2013

Irmãos? Será?


Essa semana, fatos constrangedores nos meus dois empregos, me fizeram parar e pensar.  Cheguei a conclusão que o ser humano está perdido (oh! Descobri a América rs), na verdade já sabia disso há algum tempo... Só que desta vez me incomodou.  Resolvi trazer a reflexão pra cá.  Por que você sai de casa todos os dias?

Percebo que as pessoas saem de casa todos os dias, com o objetivo de ganhar dinheiro. Elas ganham , depois gastam, trabalham mais e mais e se frustram. Porque acabam percebendo que estão “correndo atrás do rabo”. Acabam descontando as suas frustações na equipe que estão inseridas, por acharem que são superiores ou só porque estão perdidas no que realmente é importante.

Ganhei no dia dos pais um livro do Mestre Augusto Cury, este aborda o holocausto e o psiquismo de Hitler. O livro ressalta que o ser humano é a única espécie de animais racional e a única que prejudica a própria espécie sem motivo. Como dentro de uma mesma espécie eu posso nivelar as pessoas pela conta bancaria? Como eu posso aceitar que menosprezem um “irmão”  porque ganha menos, ou simplesmente porque teve menos acesso?

Não importa no que você acredite, viemos do mesmo lugar e vamos para o mesmo lugar. Não importa o quanto você ganhe mensalmente mais do que eu, com certeza o sorriso do seu filho não é mais alegre e gostoso que o do meu; Não importa o tamanho da sua casa, ela não é mais aconchegante que o meu apê de 50 metros quadrados; Não importa o status que tenha o seu cônjuge, não é mais parceiro que a minha pequena; Não importa qual o poder tem os seus amigos, não são mais fieis que os meus.  Pense nisso...

Como diria a Mastercard tem coisas que não tem preço, nestas coisas precisamos perder o nosso tempo. Precisamos relembrar que dependemos um dos outros, que somos todos irmãos, lutando pelo mesmo objetivo, sermos felizes. Então, não perca o foco no que é importante e faça o seu melhor em tudo que pegar para fazer...


Um abraço e até o próximo post...


terça-feira, 28 de maio de 2013

Como nasce um paradigma?



Quando decidi escrever o blog não tinha noção da repercussão causada por ele. Muitos amigos me trazem o feedback, uns gostam, outros criticam e tem os que me dão “dicas”, mas a grande maioria o faz de forma privativa, não trazendo para o blog a discussão sobre os temas abordados. Cresço a cada dia com os comentários e dicas. O meu objetivo central é acrescentar, então participem e vamos a mais um post.

Há alguns anos ouvi uma história durante o plantão e decidi compartilhar com vocês. Como nasce um paradigma?

“Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. Bem ao centro, havia uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado contra os que estavam no chão.
Depois de certo tempo, toda vez que um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancadas. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
 Então os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez? Isso, subir a escada, sendo retirado logo em seguida pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo já não subia mais a escada.
Um segundo macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato.
Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu.
Um quarto, e afinal o último dos veteranos foi substituído.
Os cientistas, então, ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. Se possível fosse perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:
- "Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui”.

Após ouvir essa história refleti em relação às minhas atitudes como profissional. Percebi que deveria me questionar a cada ato executado e rever os mitos impostos no meu ambiente de trabalho.

Por mais que me falem, não consigo acreditar que a Enfermagem está com câncer em fase terminal, como afirmou um amigo. Isso é um paradigma imposto há muitos anos, e na minha humilde opinião é tão verdadeiro quanto o mal causado pela manga com leite.

Com um olhar crítico e otimista acompanho a Enfermagem há 10 anos. Percebo um avanço em relação ao caminho desejado por mim, consigo visualizar melhoras, sei que ainda falta muito para alcançarmos o que merecemos. Mas vamos continuar na nossa luta diária rumo à valorização, utilizando as armas citadas por mim nos posts anteriores e nunca esquecendo que se desistirmos, os mais prejudicados serão os nossos pacientes.

Somos pessoas inteligentes ou primatas enjaulados?

Lute contra os paradigmas porque é insano confiar neles!


Reflitam...

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Sou apenas um Enfermeiro?




Fui questionado por alguns amigos em relação ao objetivo do blog e a minha resposta foi que desejava expor a profissão, falando da minha visão como profissional, para melhorarmos a nossa assistência e mostrar a nossa real importância e com isso, nos lançarmos na direção da valorização. Utópico? Talvez, mas estou fazendo a minha parte. 

Recebi de um amigo o vídeo de uma Enfermeira com o título “sou apenas um Enfermeiro”(http://www.youtube.com/watch?v=yPoV_Xea7Wg).Este vídeo me fez refletir em relação a muitos aspectos da minha profissão - indico e afirmo que sou apenas um Enfermeiro. No dia do Enfermeiro visualizei diversas publicações em redes sociais falando do profissional e confesso que em muitos momentos discordei como abordei no post anterior.

Como afirma o vídeo, as pessoas ao redor do mundo não sabem o que realmente os Enfermeiros fazem. Muitos acreditam que somos apenas auxiliares com pouco conhecimento científico e que não temos a credibilidade que merecemos. A sociedade visualiza os bons Enfermeiros como Anjos. Muitos Enfermeiros acreditam nisso, mas em minha opinião é igual acreditar no bicho papão. Tenho conhecimento científico em relação ao setor que atuo. Oriento os meus clientes e após as orientações geralmente ouço: “filho você poderia ser médico!”. Essa frase prova a falta de conhecimento dos meus clientes em relação à enfermagem.

Conheço diversos Enfermeiros com conhecimento técnico-científico e outros que replicam as técnicas que foram aprendidas em algum momento de suas vidas. Reconheço que há falhas em muitos processos e que a enfermagem precisa repensa-los. Mas acreditar que tem como melhorar é o primeiro passo no processo! E lutarmos para a valorização com as nossas armas que é o conhecimento cientifico e a eficiência como aplicamos isso no cuidado é o segundo passo. Se cada Enfermeiro fizer a diferença no seu ambiente de trabalho e incentivar os técnicos, melhoraremos a Enfermagem.

Termino com a Frase do Escritor brasileiro Rubens Alves “Aprenda a gostar, mas gostar mesmo, das coisas que deve fazer e das pessoas que o cercam. Em pouco tempo descobrirá que a vida é muito boa e que você é uma pessoa querida por todos.”
Pensem e estudem...

Um abraço e até o próximo post...

 

domingo, 12 de maio de 2013

DIA MUNDIAL DO CUIDADOR







Hoje é um dia especial. Mas por quê?  Dias das mães ué e também dia do Enfermeiro! Nossa que legal... Mas a mãe não é especial todos os dias? E o Enfermeiro não é fundamental todos os dias? Porque se faz necessário criar estas datas comemorativas tão obvias?  Aproveitando o fato de concidentemente as datas estarem juntas este ano e a base das duas classes estarem no cuidar. Vou discutir neste post a diferença entre ser mãe e ser Enfermeiro, será que tem? 

Hoje muitas homenagens são feitas a um ser de fato especial. Um ser que teve o seu corpo transfigurado pra você nascer, que te sustentou nos primeiros momentos da sua vida com um elemento básico produzido pelo seu corpo, que teve muitas dores pra você estar aqui, as dores começaram com as cólicas, depois vieram: contrações, parto, cicatriz cirúrgica, amamentação ( rachaduras no mamilo que parecem até feridas). Sem contar os medos e as inseguranças se conseguiria te cuidar e educar.  O amor materno é mágico, traz uma força especial à mulher, que deixa de ser somente mulher e vira MÂE.  O cuidado feito pelas mães é instintivo, ou seja, ela não sabe por que, mas ela cuida e cuida muito bem.

A base da enfermagem também é o cuidado, portanto é comparado ao amor de mãe, ou a anjos. Discordo e muito, pois como já comentei a mãe cuida por amor e instinto, o enfermeiro cuida através do conhecimento cientifico. Já ouvi diversos comentários de acompanhantes e até amigos quando aprendem algum cuidado dizendo: “já posso ser Enfermeiro”. Não é tão fácil quanto parece. PRIMEIRO: “Já que qualquer um cuida”, o Enfermeiro não é tão valorizado quanto deveria; SEGUNDO: Para se tornar Enfermeiro são de 5 anos muito estudo e ralação; TERCEIRO: Para executar uma assistência eficaz são muitos desafios, pois o sistema não está pronto, ainda, para valorizar a profissão. 

Fechando a minha reflexão, afirmo que o fato de cuidar é tão inserido no cotidiano do ser humano que acaba virando algo banal, por isso precisou criar uma data para pararmos e refletirmos a importância do cuidado. A diferença entre mãe e enfermeiros é que para ser uma boa mãe precisa de amor, carinho e ser mulher. Mas para ser um bom Enfermeiro precisa de muito estudo, dedicação, amor a profissão e profissionalismo. São duas formas de cuidar indispensáveis, mas diferentes. 

Parabéns para todas as mães, especialmente a minha porque sem ela não seria quem eu sou hoje e a do meu filho que me ensinou muito do que é ser uma boa mãe, vocês estão no caminho certo.

Parabéns aos meus caros colegas Enfermeiros, continuem estudando, se profissionalizando e fazendo ciência vocês estão no caminho certo.

Abraço!!!  Curtam o dia das mães e a semana da Enfermagem...